quarta-feira, 6 de julho de 2011

Estamos de Volta !!!!!!!!

Depois de Algum tempo fora da NET, estamos de volta e para comemorar nosso retorno, fazemos uma singela homenagem a este que á a pessoa que mais estimo na face da terra.    AMARILDO DE AIRÁ,  aquele que palavras são impossiveis de descrever. Aquele cujas atitudes, Amor por Orixá, Carinho e Dedicação falam por sí......



OBRIGADO,  MEU ZELADOR......
                             MEU AMIGO..................
                                              MEU PAI...............................

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mãe Omirê Mais uma vez surpreende...

A Yalorishá, mais uma vez surpreende a comunidade religiosa em Santa Cruz da Serra, D. de Caxias, desta vez entregando Obrigações de 14, 3 e 1 Anos.    Presenças de vários amigos, Ogãs, Ekedys e filhos da zeladora, além da comunidade local.










































segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PERSONALIDADES QUE SE DESTACARAM NO ANO DE 2010

2011 CHEGOU, MAIS NÃO PODEMOS NOS ESQUECER DE QUEM FEZ DIFERENÇA EM 2010.

                                 OMIRÊ




                                                                                                  AMARILDO COSTA




                                                                                                

domingo, 19 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL.... ÓTIMO 2011. QUE DEUS E ORISHÁ GUIEM TEUS PASSOS NO ANO VINDOURO....

AO PAI BÁRA, PEÇO PROTEÇÃO DOS MEUS CAMINHOS.....
AO PAI OGUM, PEÇO A FORÇA DOS METAIS.....
AO PAI ODÉ, PEÇO A FARTURA .......
AO PAI OSSÃNE, PEÇO OS REMÉDIOS DAS FOLHAS...
AOS PAIS OMOLÚ E OBALUAÊ PEÇO A CURA DAS ENFERMIDADES.....
A MÃE OSHUM, PEÇO A ESCÊNCIA DO AMOR E A RIQUEZA DOS SEUS OUROS...
A MÃE IANSÃ, PEÇO A FORCA DAS TEMPESTADES E RAIOS....
AO PAI AIRÁ, PEÇO PROTEÇÃO E A ABSOLVIÇÃO DOS MEUS ERROS....
AO PAI LOGUM, PEÇO A BELEZA .....
A MÃE NANÃ PEÇO A VIDA....
AOS PAIS E MÃES OSHUMARÊ PEÇO A DESTREZA E A COMPREENÇÃO....
A MÃE OBÁ, PEÇO A SERENIDADE......
A MÃE EWÁ, PEÇO A FORÇA DA GUERRA PRA VENCER MEUS INIMIGOS...
A MÃE IEMANJÁ PEÇO A FORÇA PARA COMPREENDER O INESPLICÁVEL...
AO PAI OXALÁ PEÇO A MISERICÓRDIA E QUE NOSSOS DIAS SE ALONGUEM SOBRE A TERRA...


JUNTANDO TODOS ESTES PEDIDOS, COLOCANDO-OS EM UMA CAIXINHA DE PRESENTE...... PEÇO A DEUS QUE TE ENTREGUE E TE DIRIJA POR TODO O ANO VINDOURO.... 

AGRADEÇO A TODOS OS AMIGOS, E DESEJO A TODOS UM FELIZ NATAL E UM ANO NOVO DE PAZ, SAÚDE, TRABALHO E DINHEIRO......... FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.

terça-feira, 16 de novembro de 2010


O ULTIMO ADEUS AO BABALORIXÁ VALDOMIRO BAIANO


                                 O ano de 2007 inicia com perdas consideráveis em nossa religião espiritualista.
Morre pai Valdomiro Baiano aos 78 anos de idade. Um dos maiores babalorixás .do país. 
As fotos mostram centenas de adeptos que foram dar o seu último adeus ao pai Baiano de Xangô. Homem sério, honesto, amigo e com um saber incomparável. Aproximadamente 1.000,00 pessoas compareceram ao cemitério do corte oito localizado no município de Duque de Caxias. Centenas de filhos do Cantois vieram participar do ato fúnebre.

                                 Ao pai Baiano que deixou filhos, netos, amigos e uma linda história tanto de vida quanto espiritual. Tudo já estava preparado para dar início ao ritual exigido por nossa religião.
Foi de uma grande admiração o comportamento dos nossos irmãos. Vários orixás incorporaram em respeito ao acontecimento e a hierarquia espiritual.
                                 Tive a grande alegria de rever grandes amigos como o meu querido irmão Ogã Bambala, Geraldo D’Oxossi meu grande amigo que ajudou a plantar o Ilê da Oxum Apará em Itaguaí, O grande Robinho de Oxoguian sempre amável, o querido radialista Anderson de Oxoguian, a grande mulher guerreira Izabel D’Oyá, o amigo Fafá de Oxossi e muitos outros.

                                  Parabéns a comunidade espírita, seja ela Umbanda, Candomblé ou de qualquer outro seguimento mesmo não sendo espírita. Nesta mesma época perdemos nosso irmão de Xapanã de São Paulo que já me deu a honra de visitar o Ilê da Oxum Apará.
Perdemos também nossa querida fotógrafa Iolanda. Sempre presente e sorridente em todos os nossos eventos. É pura dor e dor que não se cura com remédios.
Adeus meu querido Pai Baiano!
Adeus meu querido irmão de Xapanã!
Que os deuses os recebam como Rei  que foi... 

Axé! Minhas eternas saudades...
                                                                     

domingo, 7 de novembro de 2010

AMARILDO COSTA ty AIRÁ


           AMARILDO COSTA, certamente é um dos protagonizadores do candomblé no Espirito Santo, e  certamente o que levou o CANDOMBLÉ para C. do Itapemirim, neste mesmo estado.                               O ILE ASE OBÀ AÍRA conta com mais de 450 filhos, netos e bisnetos. Amarildo Costa é hoje, uma das poucas pessoas no Brasil, a cultuar todas as festas se sua religião.

""Existe muita ingratidão para quem ocupa a cadeira de Babalorixá, mas se você tiver fé no seu santo, erga a cabeça e siga em frente. Axé para todos, que vocês sejam felizes como eu sou, porque eu deito cantando e acordo sorrindo, sou de bem com a vida e tenho um amor muito grande à Deus, aos Orixás, a minha pessoa e as pessoas a minha volta. ASÉ!
Babalorixá,
Amarildo d Airá!!!""


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

MÃE MININHA DO GANTOIS






Nascida a 10 de fevereiro de 1894, dia de Santa Escolástica, na Rua da Assembléia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, Mãe Menininha teve como pais Joaquim e Maria da Glória.
Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora de sua mãe, Maria da Glória Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet.
Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
O terreiro, que inicialmente funcionava na Barroquinha, na zona central de Salvador, foi posteriormente, foi transferido para o bairro da Federação, instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de escravos e proprietários de terras de origem belga - pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta.[1] Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.[2]
Maria Escolástica foi apelidada Menininha, talvez por seu aspecto franzino. “Não sei quem pôs em mim o nome de Menininha… Minha infância não tem muito o que contar… Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.
Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó e madrinha de batismo, Pulchéria Maria da Conceição (Mãe Pulchéria), chamada Kekerê - em referência à sua posição hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena). Menininha seria sua sucessora na função de Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918, o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o cargo, sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.
"Minha avó, minha tia e os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não, mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira inteira ouvindo relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a meditação dos encantados para acabar com o sofrimento." [3]
Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereiro daquele ano, ela assume definitivamente o terreiro. "Quando os orixás me escolheram eu não recusei, mas balancei muito para aceitar", contava.
A partir da década de 1930, a perseguição ao candomblé vai arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral, doutor", ponderava a ialorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."
Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos - uma abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certo estranhamento. Mas afinal, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 1970. "Como um bispo progressista na Igreja Católica, Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade Federal da Bahia.
Nunca deixou de assistir à missa e até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.[4]
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem. “Meu marido, quando me conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas nasceram aqui mesmo”. [5]
Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra.[6] Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.[6]
Mãe Menininha do Gantois faleceu de causas naturais, aos 92 anos de idade.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pai Balbino de Xangô ou Obarawin, Lauro de Freitas BA


Balbino Daniel de Paula ou Balbino de Xangô ou Obarain - é o babalorixá do Ilê Axé Opô Aganjú, em Lauro de Freitas, Bahia.

Foi iniciado por Mãe Senhora do Ile Axe Opo Afonjá, um dos maiores conhecedores de sua religião. Fez inúmeras viagens à África (Benin e Nigéria) para aperfeiçoar seus conhecimentos. Foi incentivado e acompanhado por Pierre Fatumbi Verger, para abrir seu próprio Terreiro em Lauro de Freitas.
Descendente da tradicional família Manoel Antonio Daniel de Paula (seu avô), responsável pelo culto dos Eguns, foi também por isso iniciado no culto dos Eguns, ou Ancestrais.
Participou de vários seminários no exterior, de exposições sobre o Candomblé, sendo que a mais recente foi na Alemanha com o titulo de Black Gods in Exile.
As festas em seu Terreiro em homenagem aos Orixás, são famosas pelo rigor da liturgia e beleza.

O Ilê Axé Opô Aganjú, terreiro de Candomblé situado na rua Sakete 32 (nome dado em homenagem a uma cidade em Benin), Alto da Vila Praiana, foi fundado em Lauro de Freitas, BA, no ano de 1966.
Tombado pelo Instituto Patrimônio Artístico e Cultural IPAC Decreto 9495/05.
É dirigido pelo babalawo e babalorixá Balbino de Xangô Rubelino Daniel de Paula, Obaraim. Neto de escravos e filho do Alapini Pedro Daniel de Paula que tinha um terreiro em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica. Desde pequeno participava dos cultos a egungun, e na ocasião conheceu o antropólogo Pierre Verger que acompanhava Mãe Senhora em uma visita. Nasceu em família de santo, certa vez foi recolhido para ser iniciado por causa de problema de saúde, na casa do pai de santo Vidal de Oxaguian, no bairro da Federação, mas o Sr. Vidal morreu com uma semana que ele estava recolhido, voltou para casa sem ser iniciado.
Mais tarde foi iniciado no Ilê Axé Opô Afonjá em São Gonçalo do Retiro, por mãe Senhora Asipá, tornou ainda maior e honrada a família de Sàngó (Xangô) neste país, criando os Oyiè Mogbá ti Sángò, e onde conviveu com personalidades como Jorge Amado e o Ojú Obá Fatumbi Pierre Verger com quem foi várias vezes para Benin na África.
Pai Balbino de Aganjú vem contribuindo para o resgate da religiosidade dos cultos afrodescendente no Brasil, reconhecimento este marcado com otombamento do axé pelo governador Paulo Souto, na pessoa do Mogbá Sàngó Julio Santana Braga, em 16 de dezembro de 2003 e Tombado pelo Instituto Patrimônio Artístico e Cultural IPAC Decreto 9495/05.
Acompanhado sempre pelo saudoso babakekerê Ailton Ti Odé, (Odéfaromi), mantém uma creche para 60 crianças de comunidades carentes de Lauro de Freitas.
Pai Balbino de Aganjú, tem seguimento de filhos de santo e netos no Estado do Rio de Janeiro.
Em Santa Cruz da Serra, tem a filha Omidarewá, na casa Ile Axé Atara Magba e o Ile de Oyá em Itaipú Niterói, que é de sua filha Diana de Oyá, seus netos e netas Odenibo que dirige o Ile axé Odé em Cabo Frio, Alexandre de Exu, em Niterói com o Ilú Axé Eleegbara Tolá, Bàbá Ògóbenga - "Ifadekó"

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

OMINDAREWÁ De Paris para o Rio de Janeiro

[Omindarewá_girando.jpg] 
Gisèle Cossard Binon, cidadã francesa, mulher de diplomata,
herdeira de uma mansão no Parc des Sceaux, nos arredores de Paris,
branca de olhos azuis, nasceu Omindarewá, mãe-de-santo, dona de
terreiro e moradora da Baixada Fluminense. A concepção dessa nova e
inusitada persona talvez remonte aos ecos de sua infância no Marrocos,
onde nasceu e viveu até um ano e meio de idade. Ou pode ter sido
gestada durante sua passagem pela África, onde morou oito anos com os
dois filhos e o marido, funcionário do serviço exterior francês.
Quando a "outra" finalmente veio à luz, numa viagem ao Brasil, Gisèle
a manteve escondida da própria família e dos colegas da fina flor da
sociedade franco-carioca. Assim subsistiu por mais de uma década, até
sua possessão irrefreável e definitiva.

A trajetória da socialite francesa que virou autoridade do candomblé
daria um filme. E deu. O documentário, dirigido por Clarice Ehlers
Peixoto, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj),
foi produzido com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à
Pesquisa (Faperj) e será lançado em setembro no âmbito das
comemorações do Ano da França no Brasil. "O que mais me impressionou
foi a ruptura que ela fez com o mundo burguês e intelectual para ir
viver em Santa Cruz da Serra, na Baixada Fluminense, no meio de gente
simples e de pouca instrução", conta Clarice.

Aos 86 anos, Omindarewá ou Gisèle Francesa, como é conhecida pela
vizinhança da cidade à beira da estrada Rio-Petrópolis, comanda um
arborizado terreiro, decorado "com gosto francês", na definição da
diretora do filme: móveis rústicos, luminárias de garrafões de vidro
cortados, esculturas e máscaras africanas. Um mobiliário coletado ao
longo de uma existência aventurosa, orientada, como Gisèle diz logo no
início do documentário, por um "desejo ardente de evasão para uma
outra vida, não-conformista".

Filha de pai professor e mãe pianista, ela cresceu em Paris entre
aulas de violoncelo e balé, mas sem grande entusiasmo pelo
savoir-vivre francês. "Só tinha olhos para as brincadeiras, as pessoas
e a vida lá fora." Esse desejo de evasão esteve presente desde sempre:
"Meus pais falavam muito do tempo que vivemos no Marrocos como uma
época encantada. Então, fiquei com essa lembrança sem ter." Essa
rebeldia difusa iria encontrar uma causa durante a 2ª Guerra Mundial e
o jugo nazista sobre a França.

A família toda se engajou na Resistência e Gisèle, vinte e poucos
anos, cruzava as ruas de Paris de bicicleta, com mapas sobre as
posições alemãs escondidos em um fundo falso na sola do tamanco. Foi
nessa época que conheceu o jovem professor de geografia com o qual se
casaria em 1945. Nos dois anos seguintes, Jean Binon deu-lhe dois
filhos, Bertrand e Claude, e, em seguida, recrutado pelo Ministério
das Relações Exteriores, realizou-lhe o sonho de morar na África -
pesadelo de nove em cada dez mulheres de diplomatas brasileiros. Em
1949, a família se mudava para a República dos Camarões para tocar um
projeto de educação na então colônia francesa. Três anos depois iriam
para o Chade, onde viveriam mais cinco.

"Eu estava felicíssima, caçava, nadava no Rio Chari e tentava entender
aquela realidade tão diversa", lembra Gisèle, que logo perceberia, no
entanto, que brancos e negros viviam em mundos separados. E os
primeiros se julgavam superiores e não faziam nenhum esforço para
compreender a mentalidade africana. Se o calor não incomodava o casal
Binon, a temperatura política começava a escalada que culminaria nas
guerras coloniais de libertação. A sensação se confirmou durante a
viagem de Land Rover que o casal fez pelo continente em 1956. Com
Gisèle ao volante e cuidando da mecânica -- "meu marido não era nada
prrrático", diz, com o sotaque que nunca perdeu - percorreram 14 mil
quilômetros de estradas precárias, cruzando países como o Congo,
Uganda e Quênia. Na volta, decidiram "ir embora antes de levar um
pontapé".

O intervalo em Paris não duraria mais que dois anos, até que Jean
Binon fosse nomeado conselheiro cultural da Embaixada da França no Rio
de Janeiro, em 1959. Gisèle chegou ao porto do Rio numa Quarta-Feira
de Cinzas. "Uma sujeira, gente dormindo na rua com as fantasias
rasgadas e a maquiagem derretendo, aquilo me impressionou muito mal",
lembra. Começou uma vida entediante, feita de recepções e canapés, que
viraria de cabeça para baixo ao conhecer Abdias Nascimento,
dramaturgo, poeta e ativista negro que a iniciou na cultura dos morros
e subúrbios cariocas.

Foi numa dessas ocasiões, durante uma festa de candomblé no terreiro
de Joãozinho da Goméia, em Caxias, que outra pessoa surgiu de dentro
de Gisèle. Sob as batidas hipnotizantes dos atabaques, ela sentiu um
vazio no estômago que lhe tomou os sentidos e a derrubou no chão. A
francesa havia "bolado no santo", no dizer dos adeptos da religião
afro-brasileira: Yemanjá "tomou sua cabeça" para dizer que a havia
escolhido, conforme explicou Joãozinho da Goméia. "No início, tentei
resistir. Disse a ele que minha família não sabia de nada e não podia
deixar minhas obrigações na embaixada. Mas nos dias seguintes fui
sentindo tonteiras, e virou uma coisa que eu não podia mais evitar."

Em outubro de 1960, a "embaixatriz", como o pai-de-santo a chamava,
aproveitou uma viagem de Jean Binon a Paris para "fazer a cabeça", sua
iniciação, na casa de Goméia. "Disse a ele que não poderia raspar o
cabelo todo para ninguém perceber. Só aqui em cima, onde coloquei um
coque postiço", ri. "Eu tinha duas vidas, a de mulher de diplomata e a
de filha de santo." O marido, obcecado com a carreira, nem notou.
Enquanto isso, madame aprendia a depenar galinha, pegar lenha e matar
"bicho de quatro pés". Mas não seria tão cedo que ela iria incorporar
sua nova personalidade.

Em 1962, a administração francesa chamou seu funcionário de volta e a
família retornou a Paris. Os filhos já estavam criados e Jean e
Gisèle, compreensivelmente, tinham virado dois estranhos. Veio a
separação. Mais dolorosa para Gisèle, porém, era a saudade dos
terreiros. Decidiu estudar o assunto na faculdade: "Era uma maneira de
me manter ligada ao candomblé, para não afundar."

Sem sequer conhecê-lo, marcou um encontro com o sociólogo Roger
Bastide, que havia feito parte da missão francesa trazida ao Brasil em
1938 para a fundação da Universidade de São Paulo, ao lado de Claude
Lévi-Strauss e Fernand Braudel. Bastide era autor de um estudo
clássico, O Candomblé da Bahia. Gisèle pediu que ele a orientasse e
desembestou a falar sobre sua experiência. O professor a interrompeu:
"Minha senhora, escreve, escreve, que já está sabendo mais do que eu."

Em 1970, Gisèle defendia tese de doutorado em antropologia na
Sorbonne, intitulada Candomblé Angola (publicada no Brasil em 2006
pela editora Pallas, em versão ampliada, com o título Awô: O Mistério
dos Orixás). Fez amizade com o fotógrafo e etnógrafo Pierre Verger,
que também desembarcara na Bahia, em 1946, para documentar as
religiões afro-brasileiras. Mas, como não queria voltar ao País com
uma mão na frente e outra atrás, prestou concurso e esperou até 1972
para conseguir um posto no Rio.

Quando finalmente voltou ao Brasil, como conselheira pedagógica do
serviço cultural francês, Joãozinho da Goméia já havia morrido e ela
dificilmente seria aceita por outro babalorixá. A oportunidade viria
pelas mãos de seu amigo Pierre Verger, que se hospedou no apartamento
de Gisèle na Lagoa com o pai-de-santo baiano Balbino Daniel de Paula,
sobre quem o fotógrafo fazia um filme. Um acidente, porém, se
interporia no caminho.

No dia 8 de dezembro de 1973, no meio de uma tempestade, o carro de
Gisèle rodou numa curva da Rodovia Washington Luís. Ela feriu a
cabeça, teve cinco costelas quebradas e sofreu perfuração do pulmão.
Balbino se prontificou a ajudá-la. Gisèle convalescia havia 11 dias
sem sair da cama, na casa que acabara de comprar em Santa Cruz da
Serra, quando o pai-de-santo trouxe oferendas para o orixá da amiga.
"Então, ele soltou fumaça de charuto no meu rosto e a minha Yemanjá
veio. Eu levantei, dancei e ele se encantou." Pai Balbino completou a
formação de Omindarewá - que quer dizer "água límpida" - e ela passou
a se dedicar exclusivamente aos orixás depois que se aposentou do
serviço público francês, em 1980.

Hoje, em seu terreiro que tem mais de três décadas, ela diz não sentir
banzo de sua França natal. "Só dos queijos", ressalva - que troca sem
susto pelo xinxim de galinha e o caldo de siri favoritos. Se deixou
dois varões em Paris, ganhou os mais de 250 filhos-de-santo que já
iniciou. E, embora valorize a cultura europeia e a formação
intelectual que recebeu, acha tolice compará-las ao universo mágico
afro-brasileiro: "Os negros viviam das folhas, observando os
passarinhos, sabiam se ia chover pelo frêmito da maré. São dois pesos
que não se devem colocar na mesma balança." Roger Bastide, Pierre
Verger, Claude Lévi-Strauss... por que tantos de seus conterrâneos
interessados nesse universo? "É uma característica do espírito
francês, não só de intelectuais", analisa a doutora do candomblé:
"Sempre procuramos um outro jeito de ver o mundo."
Em 30 anos, a mãe-de-santo viu sua pátria adotiva se transformar.
Depois de sofrer dois assaltos à mão armada no terreiro - em um dos
quais seu filho Claude, que estava de visita, levou uma coronhada e
teve o tímpano perfurado - , concluiu que a violência é hoje o grande
demônio brasileiro. "Eu vi tudo piorar", diz ela. "Era tão bonito
antes, tão agradável..." E o futuro, infelizmente, não está nos búzios
de Omindarewá.
(Artigo de Ivan Marsiglia - O Estado de São Paulo - 10/05/2009)